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Memória do Carnaval

                               Cristina dos Pimpões                                                                Fevereiro é mês de carnaval. E apesar da cidade viver um momentos de apatia com relação ao carnaval, os festejos de momo ainda sobrevivem graças à teimosia de alguns foliões que não se deixam vencer pela falta de apoio público. Mesmo sem estrutura oficial, botam seus blocos nas ruas e fazem seus próprios carnavais. Mas nem sempre foi assim. Os nossos carnavais tiveram momentos áureos e esses momentos imortalizaram alguns foliões, cujas memórias pretendemos resgatar. E começamos esse resgate por uma das foliãs mais conhecidas da cidade que foi Cristina dos Pimpões.                Cristina Comes Paulista, a Cristina dos Pimpões, nasceu em Mossoró em 11 de junho de 1914, sendo filha de Bonifácio Gomes de Melo e de Sabina Raquel do Amorim. Casou com Omarque Manuel Paulista, com quem teve cinco filhos, que lhe deram netos e bisnetos.                Era uma pessoa simples que amava o carnaval. E fazia dessa paixão a razão de sua vida. Lavava roupa, como profissão. Até se orgulhava desse trabalho, por que foi com o dinheiro ganho nas lavagens que pode criar e educar os seus filhos. Simples era também a casa onde ela morava, na rua Juvenal Lamartine, 872. Simples, mas cercada de grandeza espiritual.                Desde criança amava o carnaval. A alegria, o colorido das fantasias, as marchinhas carnavalescas, tudo lhe dava grande contentamento. Viu o bloco “Pimpões” ser fundado em 1924, sendo os seus idealizadores e também primeiros dirigentes Pedro Pequeno, Durval e Rafael. E apesar de ainda ser criança, com 10 anos de idade, desejava participar. Ficava deslumbrada com os preparativos, não tardando a ensaiar os primeiros passos de frevo. A primeira participação de Cristina nos desfiles dos Pimpões aconteceu dois anos depois da fundação do bloco, ocasião em que a foliã contava com apenas 12 anos de idade. Saiu como passista em uma ala de moças. Foi uma das maiores alegrias de sua vida. Passou a desfilar todos os anos e era uma das mais esforçadas na preparação da agremiação. Por volta de 1930 assumiu a direção do bloco, para só deixa-la com sua morte. E esse sempre foi o seu desejo. Dizia ela: “Vou brincar carnaval até morrer. E quando as minhas pernas velhas não mais aguentarem, compro uma cadeira de rodas e saio desfilando na frente do bloco totalmente fantasiada”.                Tornou-se ícone do carnaval de Mossoró. Sempre a frente do seu bloco, terminou associando o seu nome ao nome da agremiação, não mais sendo conhecida como Cristina Gomes, e sim como Cristina dos Pimpões. Por essa paixão, não conhecia fronteiras e com o próprio esforço sempre comprou as suas fantasias. Confessou que o carnaval só lhe deu alegria, apesar do trabalho e dos gastos para botar o bloco na rua. Sempre se manteve fiel às tradições dos Pimpões, não permitindo outras cores além do verde, amarelo e branco.                Consta que por várias vezes Cristina foi procurada por carnavalescos desejosos de transformar os Pimpões em Escola de Samba. Conservadora que era, em todas às vezes respondia: “Enquanto eu for viva, meu bloco é do povo, das ruas e do frevo”.                Em 1995 os Pimpões foi à única agremiação na categoria blocos que desfilou no carnaval. E como havia uma premiação para os primeiros colocados, acabou recebendo o troféu de 1º lugar da categoria. Foi receber a premiação, mas expressou a sua insatisfação com aquela situação. Gostava de competir. Receber o troféu sem concorrência era até vergonhoso. Custava-lhe muito preparar o bloco e a recompensa era exatamente o reconhecimento dos jurados. Não importava para ela a classificação que recebia, desde que fosse concorrendo com outros blocos. Mas já naquela época, o carnaval de Mossoró estava decadente e aquele foi o último carnaval de Cristina dos Pimpões.                Faleceu no dia 09 de dezembro de 1996, aos 82 anos de idade, vitimada por uma infecção generalizada. Estava preste a completar o seu 70º carnaval. Mossoró reconheceu o seu esforço emprestando o seu nome a uma rua da cidade. Não Cristina Gomes Paulista, mas Cristina dos Pimpões.                

  • 07/02/2015
  • por Geraldo Maia
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"A história de um povo não tem começo nem fim. O que conto aqui são trechos de uma História que pode começar a partir de alguns acontecimentos anteriores e terminar no meio de outros que estão apenas começando. E de trecho em trecho, vou contando a História do povo de Mossoró."

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