Tibau, recanto paradisíaco e encantador. Tibau das águas cálidas, do céu azul anil, da brisa fresca que embala as redes das varandas. Tibau dos coqueirais, das conversas ociosas entre amigos, onde as reminiscências surgem como por encanto, nos remetendo a um passado distante e prazeroso, de um tempo em que Tibau era apenas um aglomerado de casebres sobre as dunas de areias coloridas. Foi durante uma dessas tarde de ócio na varanda de Tibau, que ouvi do amigo Raimundo Fernandes Júnior a história de Sinhá Dona. Dizia ele: Sinhá Dona era uma senhora de cabelos brancos e andar arrastado. Quando a conheci tinha uma pequena mercearia de frente à capela de santa Terezinha. Dizia ser dona de todas as terras em volta da capela. Chegou mesmo a vender alguns lotes, mas o restante foi tomado por posseiros ao descobrirem que ela não tinha a documentação das terras. Devo destacar que boa parte das terras de Tibau foram ocupadas sem a devida documentação. A mercearia de Sinhá Dona funcionava em sua casa, que tinha a sala principal transformada em comércio e outros cômodos, onde morava sozinha. Em sua mercearia tinha quase tudo que procurávamos. Como as condições de acesso entre Mossoró e Tibau eram muito precárias, os veranistas tratavam de levar tudo que julgavam ser necessário para a permanência na praia. Mas sempre faltava alguma coisa. E itens básicos como leite, bolacha, feijão, arroz e farinha sempre faltavam, e a solução era procurar a mercearia de Sinhá Dona. Lá se encontrava de côco seco a enlatados. E os principais enlatados ali vendidos eram a manteiga e o leite condensado. Com relação a esses produtos, há algumas passagens pitorescas envolvendo Sinhá Dona, como as que se seguem: - Sinhá Dona tem leite condensado? - Tem não! Tem leite condensa. Quando pedíamos um côco seco, ela saia com o seu andar arrastado até um quarto no prolongamento da mercearia e voltava com o produto solicitado. Muitas das vezes, o côco que ela trazia não tinha boa aparência e parecia velho ou seco demais. Ai vinha o questionamento: - Só tem esse, Sinhá Dona? Esse não serve... Queria um côco melhor. O que ela respondia: - Tem não! Mas vou ver se acho. E retornava com seu andar lento, arrastando o seu chinelo de couro até o outro cômodo. Voltava com o produto da maneira que queríamos. Como morava em frente à capela, assumiu a responsabilidade pela manutenção da mesma. Sempre solicita, abria as portas da capela toda manhã, tocava o sino e mantinha tudo limpo. Acostumei-me a ver Sinhá Dona em sua rotina simples por muitos anos, já que anualmente era em Tibau que minha família passava o período de férias. Já estudando em Fortaleza/CE, tomei conhecimento de sua morte. E nas férias do ano seguinte, nem mais a casa onde funcionava a sua mercearia existia, pois sendo uma mulher sozinha, com sua morte, alguém se apossou dos seus bens e tratou de demolir a casa onde ela morou e trabalhou por muitos anos. Hoje, pouca gente se lembra daquela figura bondosa e prestativa. Como disse o poeta, “As coisas boas da vida não são aquelas que duram para sempre. Mas são aquelas que deixam boas recordações.” E Sinhá Dona foi uma daquelas pessoas simples que, ao partirem, deixam saudades. Faço aqui, portanto, minha homenagem à memória de Sinhá Dona.
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"A história de um povo não tem começo nem fim. O que conto aqui são trechos de uma História que pode começar a partir de alguns acontecimentos anteriores e terminar no meio de outros que estão apenas começando. E de trecho em trecho, vou contando a História do povo de Mossoró."
(Geraldo Maia)
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